Aqui vai.
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Just a wish ponham a tocar.
- Spoiler:
Poderá ser uma infantilidade eu ainda acreditar em ti, personagem ficticia.
No fundo o meu coração acaba por saber que talvez sejas irreal, mas nem sempre essa parte me domina completamente.
Este ano portei-me bem, excepto em alguns casos onde a oportunidade de o fazer faltou para mim, mas peço-te que percebas o porquê.
Sempre me observas, e notas que defender as minhas crenças e sobreviver tem vindo a ser uma tarefa árdua ao longo dos anos.
Pai Natal, sei o quão ocupado estás com todos os pedidos dos meninos e meninas de todo o Mundo, mas ouve o meu pedido suplicante.
Talvez possas pensar que é um capricho, talvez até uma estupidez á qual não irás ligar, mas irei tentar apesar de tudo.
Existe uma rapariga com um coração de ouro, longos cabelos e sorriso confortante, a minha ídola desde sempre, á qual tanto devo e nunca poderei retribuir.
Talvez se não fosse por ela, já não estaria aqui.
Peço a tua ajuda, peço que realizes o meu desejo para poder conhecê-la. Peço-te que a tragas perto de mim, para me dar a pequena oportunidade de a poder abraçar e agradecer tudo o que fez por mim.
Dá também essa oportunidade ás crianças como eu, que neste mundo não têm casa, não têm nem pais nem mães, nem ninguém para poder passar esta quadra natalícia.
Vivo em
Portugal, país pequeno sem muito a descobrir, mas ao qual chamo casa.
Não peço pena de mim, pois continuo a lutar, e assim o continuarei a fazer até que a batalha termine.
Nunca te escrevi, talvez por falta de fé em ti, talvez por influências de tantos outros que vivem como eu, ou dos adultos que há tanto já não acreditam em ti.
Sinto agora o fim a chegar, o frio aumenta a cada batida do coração.
Pela primeira vez nevava aqui, era a primeira vez que via os tão bonitos flocos brancos gelados a cair nesta cidade.
De novo tossi e algo vermelho ficou na palma da minha mão, brilhando viscosamente á luz do luar.
O fim é cada vez mais evidente estar a chegar, e o meu coração cada vez mais entristece por o meu desejo não ser concretizado.
Pai Natal, porque te esqueceste de mim?
Os meus olhos já custam a abrir, o meu corpo treme a cada sopro do vento frio que está nesta noite.
Era agora, neste momento, que tudo iria chegar ao fim. O ciclo da vida iria terminar para mim.
Olho em frente, e ao longe vejo algo, e tento ao máximo não cerrar as pálpebras dos olhos azuis que tenho.
Reparo no seu largo sorriso, e penso ser um sonho. Talvez até já tenha morrido.
Ela caminhava até mim com os seus meigos olhos castanhos a reluzir e o seu contagiante sorriso sempre presente.
Abraçou-me fortemente, o que tinha sido, no fundo, o meu desejo, e cantou para mim algumas das suas baladas.
Não podia adiar mais o que estava para vir, tinha chegado o momento terminal.
Encostei a minha cabeça ao seu ombro e notei lágrimas nos seus olhos, prestes a brotar dos mesmos.
Demi Lovato, era o nome da minha heroína.
Sorri debilmente e fechei lentamente os meus olhos já cansados, ainda reconfortada no seu aconchegante colo.
No fundo, tenho de dizer, obrigada
Pai Natal.
Obrigada pelo desejo concretizado, por teres feito esta noite ser a melhor de toda a minha curta vida.
Agora sei, e peço o último desejo, de que o concerto dela em
Portugal faça outras crianças como eu felizes.
Pode ser até que um dia nos encontremos.
Beijo,
Ally.